sábado, 26 de setembro de 2009

Homesick



The Oxford English Dictionary describes homesickness as a feeling one has when missing home. Feelings of longing are often accompanied by anxiety and depression.



But wait a minute... WHERE`S HOME??




Do you think we would be happier there?


I´m not sure about anything, but I´m sure there´s no more space for me here... I don´t fit here anymore!



And so, what´s wrong with all of us?


We´ve changed, but what we left behind is the same. After discovering the world, living inside the cave seems not enough now. I keep looking and trying to be the best that I can be. And here I feel like a bird with broken wings. Do you feel the same?


Over there,

where I´ve learnt to live the world,

I don´t need to pretend something I´m not.

I can be exactly who I am.


And here,

I just keep on going... Not even knowing who I am.

domingo, 13 de setembro de 2009

Killing the girl

Insônia.
Novamente. E desta vez sem café. Já amanheceu.
Fiquei perdida entre um documentário do Michael Moore (http://www.youtube.com/watch?v=2Zf2nCiBJLo), a história das trigêmeas surdo-cegas ("As Irmãs Hooker", Discovery Home & Health), a chamada com a jornalista Priscila Siqueira (veja http://www.adital.com.br/novo/noticia2.asp?lang=PT&cod=16125) que luta contra o tráfico de pessoas e minha recém chegada apostila preparatória para um concurso público.
E percebi várias coisas:

Minha revolta é inútil, pois se assemelha à minha decisão de tornar-me vegetariana. Durou algumas semanas e os outros 10 anos foram de abstinência à carne vermelha, o que não é realmente uma total defesa do conceito. Aliás, eu me escondia na besta idéia de que peixes e aves não sofriam durante a morte. Portanto, poderiam ser comidos. Me lembro de tirar pacientemente as fatias de presunto de dentro das lasanhas... e desperdiçar o defunto já assassinado (Bom, ainda sou totalmente contra o fois grais, a carne de baleia e a vitela... mesmo sabendo que é boooom...).

Me vem à memória o dia em que estive em Madri e vi os manifestantes em frente ao Mac Donalds (o que me fez perder a vontade de comer um Big Mac). Porém como adorei os helados com Kit Kat! Também me faz pensar em como sou ingênua. Se há comércio, há mercado e se há mercado é porque nós consumimos e não podemos tirar o corpo fora: a culpa é nossa! Sim, o mundo nunca vai parar de matar animais, primeiro porque adoramos sua carne, segundo porque a indústria de carnes não vai sumir do dia para a noite.

É o que acontece com a indústria dos cosméticos, das cirurgias plásticas, da moda, do caralho a quatro... Nunca vai desaparecer e não adianta lutar contra, sofrer, resmungar, dar chiliques...Eu faço parte sim disso tudo: eu como casquinhas com kit kat e fico feliz, eu compro renew com medo das rugas, eu vou todos os dias malhar com medo de ficar gorda, provavelmente meu perfume francês foi testado em animais e adoro carne de coelho, de rã, de faisão, um jamón serrano bom, um assado de cordeiro apetitoso e assim vai...

Eu sou a dualidade em pessoa. Estudei o belo, como fazê-lo, como compreendê-lo, como vivenciá-lo e multiplicá-lo. É para isso que serve o Design. E eu sou ou fui uma designer. Além disso adoro moda, adoro cores, combinações, desenhos, arte, adoro paisagismo, adoro harmonia ou mesmo o desarmonioso despretensiosamente bem colocado. Eu combino sapatos com o esmalte das unhas. Eu pinto meus cabelos sempre e gosto de mudar as cores e o corte. Eu adoro o belo. E o odeio ao mesmo tempo.

Odeio o belo porque me fere como ser humano. Odeio a futilidade que reside em mim. Odeio pensar que já tive ideais e os matei pouco a pouco. Como poderia uma enfermeira da Cruz Vermelha usar sapatos de salto agulha pink para combinar com seu echarpe pink, junto ao seu pretinho nada básico de corte assimétrico? Um dia também planejei ser educadora e viver no nordeste do país com pouco a receber e muito a dar.

E hoje planejo conquistar um cargo público para me sentir segura e comprar uma casa. Talvez depois planejar filhos, assim como se planeja uma viagem de férias e mais à frente planejar a educação deles, contando para que não nasçam tão perdidos ou idealistas como eu ainda sou.

E tudo isso só me leva a uma conclusão: a de que matei alguém dentro de mim. E esse outro alguém que tomou conta do meu corpo se preocupa com questões pouco importantes para ele mesmo. Esse alguém é invejoso da leveza de ser ignorante e ingênuo, é cruel, impiedoso, sarcástico, impaciente e arrogante!

Sim, extremamente arrogante, diante da própria pequenez olha o outro de cima, com olhar espremido e esgueirado pensando que sabe a verdade do mundo e é mais consciente. Quando na verdade não sabe nem a verdade sobre si mesmo.

E vaga solitário e esquecido nesse mar de incertezas, esperando por um sinal que nunca chega...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mulheres possíveis

A mulher da página 194 da revista Glamour,
edição de setembro, matéria sobre autoimagem.

Depois de um feriado meio estressante, em meio a conflitos internos, mágoas e raiva contra o inevitável, me deparei com a reportagem "Barriga sim, e daí?" da revista Época de 31 de agosto de 2009. E de repente, boooom! Algumas coisas vem realmente a calhar...
Se você tiver interesse em ler o artigo, pode me pedir a revista emprestada ou acessar o site: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI90336-15228,00-BARRIGA+SIM+E+DAI.html

Here's the deal: The picture wasn't of a celebrity. It wasn't of a supermodel.
It was of a woman sitting in her underwear with a smile on her face and a belly that looks...wait for it...normal.

O que isso quer dizer? Por que foi tão impactante e teve tanta repercussão?
Será q estamos entrando em um momento de realmente repensar o padrão de beleza imposto? Um padrão totalmente irreal e absurdo que nos leva a uma eterna busca pelo inalcançável e conseqüentemente a uma eterna frustração...
No momento em que todas as pessoas em exposição são magras, saradas, loiras, de nariz fino, olhos claros e pele reluzente, temos a impressão de que se não somos assim algo há de errado em nós mesmos. E daí a busca frenética em se adequar ao que todos achamos que seja o belo. Mas o belo já mudou tanto durante a história da humanidade...
Por que continuamos a nos torturar por não termos os peitos siliconados das atrizes americanas, a barriga lipoaspirada da vizinha, ou a bunda perfeitamente enxertada da garota do momento se sabemos que é tudo uma construção, algo irreal?
Assim como não é real todas aquelas fotos de revistas de moda, de beleza e etc... Quanto photoshop, maquiagem, luzes, truques foram usados para nos tapear? E quanto disso tudo é real? Lembrem-se daquela campanha fabulosa da Dove pela real beleza http://www.youtube.com/watch?v=2DiHXFaCHWk. Engraçado como o mesmo meio que nos engana, pode nos abrir os olhos...
Isso é parte de outra problemática na minha vida. Cansei da publicidade. Não posso mais me enganar e sentir que engano os outros e também não posso mais fazer de conta que não é comigo... Publicidade é criar necessidades antes inexistentes, é vender ideais construídos por alguém que quer vender algo, é enganar, é fakear, é correr em busca de dinheiro sem se importar em como fazê-lo... Mas isso fica para um próximo post.
Aqui o debate é a busca por uma perfeição que não é real. Pessoas sofrendo em busca dessa perfeição. A tristeza de saber que pessoas morrem em busca dela. De saber que adolescentes sofrem diariamente de bulimia e anorexia ao invés de estarem se descobrindo como pessoas e aproveitando uma fase tão única da vida. Outras se submetem a cirurgias arriscadas para se transformarem no que os outros desejam que sejam.
Não vou dizer que é fácil não ser influenciada por um bombardeio de imagens e apelos pelo ideal moderno de corpo e perfeição. Claro que é difícil e eu vivo nesse mundo! Não há como não ser afetada, mas o fato é que eu tento lutar contra a parte de mim que quer ser como a modelo da revista de moda. Porque aquilo é dizer adeus à Denise que pensa e tem sua individualidade, suas fúrias e desejos, suas frustrações e medos. É apagar a minha exclusividade como ser humano único.
Não é maravilhoso como nós, que somos tantos, podemos ser diferentes uns dos outros (tirando os gêmeos univitelinos)? É incrível e fantástico como a natureza consegue diversificar tanto... E agora estamos fazendo o caminho inverso. Estamos nos tornando um bando de barbies siliconadas, plastificadas e lipoaspiradas. Todas e todos iguais uns aos outros. Tudo porque o diferente é feio!
E não adianta boiar na superfície e aparecer com o clichê de que temos que fazer o que nos faz sentir bem, portanto "se te cortar em mil pedaços, reconstruir e fazer sofrer seu pobre corpo vai te fazer feliz, então faça! Se for morrer de fome e anemia, faça! Se for arriscar perder os movimentos faciais, faça!" Isso é pura babaquice e superficialidade... É querer arranjar desculpa para se deixar cair na marcha das formiguinhas... E não te culparia por querer marchar junto, desde que seja uma escolha feita por opção pensada. Talvez um dia eu mude de idéia e queira me deixar levar por tudo isso porque é mais fácil mesmo. Mas não negue para si mesma a necessidade que te levou a isso. Não se esconda atrás de uma apologia a liberdade de expressão. Primeiro porque liberdade se tem quando não somos manipulados e sim, a mídia nos manipula e todos os valores são construídos pela sociedade em que nos encontramos. Portanto, não há como achar que você vai ser mais feliz com o botox só porque é a única coisa que falta para te fazer completa, porque daqui a um tempo sentirá a necessidade de colocar aquele silicone nos seios, afinal Deus não foi generoso com você... A frustração será eterna! Sabe por quê? Porque o ideal que temos de beleza é irreal e inalcançável e você, cara mortal, não pode alcançá-la sem ter que se anular primeiro.
Eu quero um mundo onde se valorize outro tipo de beleza, onde essa beleza seja possível, onde possamos ser mais felizes e satisfeitas consigo mesmas...
Auto-estima é tudo e se continuarmos a matar a mulher linda que vive dentro da gente, não sobrará mais nada para oferecer, somente a carcaça construída de algo que já foi esteticamente perfeito...
Ou você acha que sua pele vai aguentar tanto silicone aos 70 e tantos anos de idade?