segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

percalços...

Da Globo ao Pornô...

E pensar que assim como Leila Lopez tantas e tantas mulheres caem nessa armadilha chamada vaidade... Ilusório pensar que se pode manter a beleza e frescor de quando se tem vinte e poucos anos. Ilusório também pensar que dinheiro, beleza, fama e status preenchem o vazio que nasce conosco e que acorrenta a humanidade desde sei lá quando... Dos grandes pensadores aos filósofos de boteco, não há quem consiga achar a fórmula mágica que nos livre da necessidade de seremos amados.

E é isso. Apesar dos vulneráveis elos que hoje conectam nossas relações pessoais, ainda caminhamos juntos na direção de um mesmo objetivo, mesmo que camuflado, mesmo que negado, mesmo que sofrido. Você poder temer e evitar com todas as suas forças, mas dentro de você (a não ser que se esteja morto) existe algo gritando e implorando para se apaixonar. E não me refiro apenas às paixões mundanas ou nem tanto... não pense apenas no lugar-comum...

Foi a necessidade de ser amada que tornou a tal atriz escrava da academia, das dietas, das plásticas e também dos holofotes. Também o medo do implacável tempo, de ver seu corpo envelhecer vazio, pois já não deveria existir mais nenhuma identidade dentro daquele invólucro escravizado que lutava para não mudar. E talvez já não sobrasse mais nada para preencher a vida da pobre mulher a não ser as frustrações de uma beleza que definha, as promessas de um futuro que não mais brilharia e o fardo de ter que manter uma certa imagem fantasiosa de que tudo sempre está bem no país dos belos e famosos...

Não quero entrar aqui no debate sobre suicídio ou sobre a indústria pornográfica (ou os dois juntos. veja http://blogs.r7.com/andre-forastieri/2009/12/05/leila-lopes-e-os-poucos-astros-porno-que-se-suicidaram/?cp=2) ou até mesmo das estrelas decadentes do meio artístico (ou nem tão artístico assim).

O fato é que tudo isso em conjunto forma o buraco em que estamos prestes a nos meter. Caminhamos para cada vez esvaziarmos ainda mais nossas vidas sem sentido. Afastamos freneticamente qualquer atitude no sentido de aceitar as mazelas da vida, porque nos tornamos cada vez mais hedonistas e egoístas. E nos esquecemos que o caminho do amadurecimento pode incluir umas belas pedras no caminho, muita poeira para engolir e talvez mudanças drásticas no plano de viagem.

Mas que seja divertido e prazeroso, apesar dos percalços... e assim espero... amém!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Je m'appelle Réalitè...

... e um dia você acorda e se dá conta de que tudo o que você sonhou e desejou pode não passar de fantasia...
... se dá conta também de que é muito trabalhoso buscar o seu "eu" verdadeiro...
... de que viver e sobreviver são coisas distintas e que podem ser excludentes...
... e percebe que o tempo não pára para você descobrir o que veio fazer nesse mundo.
Se você tem vertigem de quedas e abismos, pode nunca viver com emoção. Ou se é um espírito selvagem pode esquecer-se de que a vida não é só feita de frio na barriga e arrepios na espinha.
Fico pensando quais as angústias das pessoas em um tempo em que as relações eram sólidas e duradouras, em que a palavra e o caráter de um homem valia ouro.
Hoje somos humanos fragilizados pelo materialismo consumista, que nos transforma em objeto descartável, sem maturidade de sua própria existência.
Concordo com Bauman quando diz que a modernidade é líquida. Ela é mutante, inconstante, transitória...
Sim, nossos relacionamentos também o são...
Somos feitos hoje de vínculos líquidos. Frágeis laços humanos que podem ser desfeitos a qualquer segundo, por qualquer razão.
O mundo corre e sentimos a opressão de tentar seguir esse ritmo maluco que nos é imposto. Se você parar para apreciar a paisagem talvez perca sua posição na corrida frenética da vida, talvez seja atropelado.
E nesse malabarismo é que me pergunto como posso definir esta fluidez e inconstância de minha própria identidade.
Tenho uma amiga que sempre me diz que eu sou "muita realidade" para uma pessoa aguentar... Tirando o lado da brincadeira, eu sei como às vezes sou cruel e pessimista. Mas é algo que não consigo modificar.
Uma vez aberta a Caixa de Pandora, there´s no turning back...