quinta-feira, 18 de março de 2010

Quase 30.


Este mês completo vinte e nove anos de idade e antes mesmo de qualquer insinuação piegas sobre a difícil vida de uma mulher de quase trinta, quero apenas manifestar meu eterno agradecimento aos meus amores frustrados. Amores são amores e são sempre sublimes e perfeitos na sua imperfeição.

Posso afirmar categoricamente que perdi minha capacidade de amar em algum lugar e tempo passado e esquecido. Nem sei por onde começar a procurar...

Dizem que está no nosso DNA, que o ser humano quer amar e ser amado, que há um certo magnetismo inerente que nos aprisiona nesse sonho egoísta chamado amor.
Eu digo que não... mas posso estar errada, afinal nem tenho trinta... ainda.

Não quero entrar na discussão sobre amor vs. paixão vs. sexo vs. tesão... Aliás, dizem as más línguas, nós mulheres, misturamos tudo mesmo!

E preciso admitir que sempre tentei separar muito bem os sentimentos. Mesmo com a pulsão desenfreada e feminina gritando dentro de mim para me deixar ser mistério, poesia, metafísica.

Passei grande parte da minha vida tentando entrar em compasso com o universo, quando na verdade caminhava na direção contrária com meus discursos neo-feministas extremistas e minha soberba diante do amor.

Então foi isso. Escondi o amor numa caixinha escondida debaixo da cama, enquanto brincava de ser homenzinho. Escondi tanto que esqueci. E enxergo tudo com a brutalidade da realidade crua e sem graça. Ilusão faz-se necessária. Esperança, também.

E me vejo abandonada por mim mesma, à deriva de meus sentimentos. Lutando contra o inevitável.

Mas não sou mais uma mulherzinha de trinta desesperada por um casamento, uma família, filhos...

Eu sou mais que isso, mais complexa, mais raiva, mais vontade, mais necessidades, mais dor, mais sabor, mais cor. Me recuso a ser um corpo vazio liderado por um contingente de hormônios desenfreados. Me recuso a ser posse, ser objeto, ser sofrer... Recuso a posição de mercadoria na prateleira a espera de um terno comprador ou compulsivo usuário.

Amar tem várias direções. A primeira que nós mulheres precisamos aprender é a do amor-próprio. A outra direção... bem, vou deixar para o inusitado amanhã...

E como diria Jabor: "O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver."