domingo, 13 de setembro de 2009

Killing the girl

Insônia.
Novamente. E desta vez sem café. Já amanheceu.
Fiquei perdida entre um documentário do Michael Moore (http://www.youtube.com/watch?v=2Zf2nCiBJLo), a história das trigêmeas surdo-cegas ("As Irmãs Hooker", Discovery Home & Health), a chamada com a jornalista Priscila Siqueira (veja http://www.adital.com.br/novo/noticia2.asp?lang=PT&cod=16125) que luta contra o tráfico de pessoas e minha recém chegada apostila preparatória para um concurso público.
E percebi várias coisas:

Minha revolta é inútil, pois se assemelha à minha decisão de tornar-me vegetariana. Durou algumas semanas e os outros 10 anos foram de abstinência à carne vermelha, o que não é realmente uma total defesa do conceito. Aliás, eu me escondia na besta idéia de que peixes e aves não sofriam durante a morte. Portanto, poderiam ser comidos. Me lembro de tirar pacientemente as fatias de presunto de dentro das lasanhas... e desperdiçar o defunto já assassinado (Bom, ainda sou totalmente contra o fois grais, a carne de baleia e a vitela... mesmo sabendo que é boooom...).

Me vem à memória o dia em que estive em Madri e vi os manifestantes em frente ao Mac Donalds (o que me fez perder a vontade de comer um Big Mac). Porém como adorei os helados com Kit Kat! Também me faz pensar em como sou ingênua. Se há comércio, há mercado e se há mercado é porque nós consumimos e não podemos tirar o corpo fora: a culpa é nossa! Sim, o mundo nunca vai parar de matar animais, primeiro porque adoramos sua carne, segundo porque a indústria de carnes não vai sumir do dia para a noite.

É o que acontece com a indústria dos cosméticos, das cirurgias plásticas, da moda, do caralho a quatro... Nunca vai desaparecer e não adianta lutar contra, sofrer, resmungar, dar chiliques...Eu faço parte sim disso tudo: eu como casquinhas com kit kat e fico feliz, eu compro renew com medo das rugas, eu vou todos os dias malhar com medo de ficar gorda, provavelmente meu perfume francês foi testado em animais e adoro carne de coelho, de rã, de faisão, um jamón serrano bom, um assado de cordeiro apetitoso e assim vai...

Eu sou a dualidade em pessoa. Estudei o belo, como fazê-lo, como compreendê-lo, como vivenciá-lo e multiplicá-lo. É para isso que serve o Design. E eu sou ou fui uma designer. Além disso adoro moda, adoro cores, combinações, desenhos, arte, adoro paisagismo, adoro harmonia ou mesmo o desarmonioso despretensiosamente bem colocado. Eu combino sapatos com o esmalte das unhas. Eu pinto meus cabelos sempre e gosto de mudar as cores e o corte. Eu adoro o belo. E o odeio ao mesmo tempo.

Odeio o belo porque me fere como ser humano. Odeio a futilidade que reside em mim. Odeio pensar que já tive ideais e os matei pouco a pouco. Como poderia uma enfermeira da Cruz Vermelha usar sapatos de salto agulha pink para combinar com seu echarpe pink, junto ao seu pretinho nada básico de corte assimétrico? Um dia também planejei ser educadora e viver no nordeste do país com pouco a receber e muito a dar.

E hoje planejo conquistar um cargo público para me sentir segura e comprar uma casa. Talvez depois planejar filhos, assim como se planeja uma viagem de férias e mais à frente planejar a educação deles, contando para que não nasçam tão perdidos ou idealistas como eu ainda sou.

E tudo isso só me leva a uma conclusão: a de que matei alguém dentro de mim. E esse outro alguém que tomou conta do meu corpo se preocupa com questões pouco importantes para ele mesmo. Esse alguém é invejoso da leveza de ser ignorante e ingênuo, é cruel, impiedoso, sarcástico, impaciente e arrogante!

Sim, extremamente arrogante, diante da própria pequenez olha o outro de cima, com olhar espremido e esgueirado pensando que sabe a verdade do mundo e é mais consciente. Quando na verdade não sabe nem a verdade sobre si mesmo.

E vaga solitário e esquecido nesse mar de incertezas, esperando por um sinal que nunca chega...

Um comentário:

  1. me vejo tanto nos seus posts de... soh naum desisti do veg ainda!!! acho q oq deixa a gente assim... dual, e essa coisa da gente ter consciencia das coisas e naum conseguir lutar contra elas... naum trab com oq gosto pq naum vai me dar ua recompensa financeira, ai vivo frustrada com uma vida q naum me pertence... quero mudar o mundo, mas como acho q sou soh uma... naum o faço!!! somos futeis, todos, pq somos obrigados se render a essa sociedade suja q vivemos... e perdemos nossa identidade nela, levados por tanta coisa ao nosso redor!!!
    continue escrevendo... me faz pensar!!!
    e avisa qndo postar coisa nova!!!

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