terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Je m'appelle Réalitè...

... e um dia você acorda e se dá conta de que tudo o que você sonhou e desejou pode não passar de fantasia...
... se dá conta também de que é muito trabalhoso buscar o seu "eu" verdadeiro...
... de que viver e sobreviver são coisas distintas e que podem ser excludentes...
... e percebe que o tempo não pára para você descobrir o que veio fazer nesse mundo.
Se você tem vertigem de quedas e abismos, pode nunca viver com emoção. Ou se é um espírito selvagem pode esquecer-se de que a vida não é só feita de frio na barriga e arrepios na espinha.
Fico pensando quais as angústias das pessoas em um tempo em que as relações eram sólidas e duradouras, em que a palavra e o caráter de um homem valia ouro.
Hoje somos humanos fragilizados pelo materialismo consumista, que nos transforma em objeto descartável, sem maturidade de sua própria existência.
Concordo com Bauman quando diz que a modernidade é líquida. Ela é mutante, inconstante, transitória...
Sim, nossos relacionamentos também o são...
Somos feitos hoje de vínculos líquidos. Frágeis laços humanos que podem ser desfeitos a qualquer segundo, por qualquer razão.
O mundo corre e sentimos a opressão de tentar seguir esse ritmo maluco que nos é imposto. Se você parar para apreciar a paisagem talvez perca sua posição na corrida frenética da vida, talvez seja atropelado.
E nesse malabarismo é que me pergunto como posso definir esta fluidez e inconstância de minha própria identidade.
Tenho uma amiga que sempre me diz que eu sou "muita realidade" para uma pessoa aguentar... Tirando o lado da brincadeira, eu sei como às vezes sou cruel e pessimista. Mas é algo que não consigo modificar.
Uma vez aberta a Caixa de Pandora, there´s no turning back...

3 comentários:

  1. Engraçada essa definição de vc ser "muita realidade". Minha definição vai em caminho totalmente oposto: "muito sonho". Sonho que não curva à inércia imposta pela realidade. Tanto sonho que ele não não pode ser facilmente definível.
    Afinal, não se toma uma definição segundo os parâmetros da realidade?

    ResponderExcluir
  2. "Fico pensando quais as angústias das pessoas em um tempo em que as relações eram sólidas e duradouras, em que a palavra e o caráter de um homem valia ouro."
    Acho que tenho a resposta para esse. Eram as neuroses... Nesse tempo para tudo se manter sólido você tinha que abdicar de certos desejos que poderiam arruinar toda a confiança(solidez). As que tinham desejos e eram reprimidas em favor da moral(solidez) tinham como um dos escapes a neurose ou a consumação dos desejo em si, que poderia ser uma opção pior que ser louco, pois a sociedade iria puni-la.
    Parece que nunca vivemos em um meio termo. Sempre estamos oscilando entre uma regulação ferrenha de nossas vontades ou de um hedonismo libertador sem noção, que leva a outras patologias como bipolares e borderlines.

    Meus dois centavos sobre uma parte do texto que está realmente muito bom de se ler. Principalmente neste domingo. Beijos!

    ResponderExcluir
  3. as pessoas reais demais naum sobrevivem... sao julgadas como loucas, como insuportaveis... as conhadoras, como bobas... oq seria certo hj? pq a gente se importa tanto?? acho q nada disso tem resp,e a gente fica aqui, a deriva... tentando entender...

    ResponderExcluir